


Terapia de Casal
.jpg)
Recebo muitas perguntas sobre como funciona o processo de Terapia de Casal, assim, decidi escrever um pouco como forma de responde-las.
Meu processo até chegar à Terapia de Casal
Apesar de ter me formado em Psicologia há 3 anos (final de 2018), existe uma bagagem que eu já trazia comigo da vida que vivi antes de me formar como psicóloga e posteriormente, como terapeuta familiar/casal.
Preciso começar contando que minha trajetória na Psicologia não foi muito óbvia ou poética. Até 2012, que considero um ano de virada na minha vida, eu nunca tinha cogitado ser psicóloga, apesar de minha mãe dizer que eu já havia manifestado esse desejo, quando criança. O que eu lembro que eu queria e que não fiz, foi faculdade de Jornalismo, ao invés de Direito, curso que finalizei aos 21 anos.
Porém, numa reviravolta do destino, depois de fazer terapia desde os 15 anos, foi a partir de um mergulho profundo de autoconhecimento em 2012 que ao final dele, depois de um processo de Coaching, que busquei por não saber como transformar minhas habilidades em profissão, que decidi voltar para a faculdade para cursar Psicologia, aos 25 anos e com um filho de 2. E desde então, nada foi óbvio, também.
Entrei na faculdade para me sentir mais segura para escrever sobre a vida e seus dilemas, o que eu já fazia há anos, na internet (desde o extinto fotolog). Logo no início do curso, me interessei pelo trabalho com grupos de mulheres, porque eu havia me beneficiado muito de uma experiência como essa. No meio da faculdade, tranquei durante um ano para cuidar do José e assim que voltei, foquei meus estudos na maternidade, assim como tinha feito quando João nasceu, cinco anos antes. Passado um tempo, descobri o universo da infância e da parentalidade e me enveredei por esse caminho.
Durante os 6 anos em que estive dentro da faculdade, me formei em Coaching, trabalhei como coach individual e com grupos de Coaching para mães, fiz muitas rodas de mães, fiz formações em Disciplina Positiva e criei o projeto @criacaopositiva com a Greici, aonde facilitamos dezenas de grupos de pais e mães, workshops e palestras. Tudo ainda antes de me formar.
No último ano da faculdade, entrei na formação em Terapia Familiar, o que somado a tudo o que eu contei antes, além das minhas próprias vivências (faculdade anterior, casamento, dois filhos...), me ajudou muito a já me sentir pronta para atender assim que me formei.
Como me interessei pela Terapia de Casal?
Acredito que foi dentro do Instituto Familiare, aonde fiz minha pós-graduação na abordagem da Terapia Relacional Sistêmica, que iniciou meu interesse por atender casais. Talvez tenham sido as excelentes professoras que eu tive e a paixão que elas transmitiam ao ensinar o assunto ou porque como educadora parental, comecei a entender que grande parte dos desafios vividos na parentalidade que apareciam nos grupos estavam intimamente ligados às dinâmicas conjugais disfuncionais. De uma forma ou de outro, sei que pouco a pouco, fui direcionando meu olhar e meu foco de estudo para os atendimentos de casais.
E não que tenha sido um processo linear, mas do meu ponto de vista, fica claro como ele foi sendo construído ao longo de toda a minha trajetória, até aqui. Inclusive, meu caminho, como contei ontem, vivido antes da Psicologia. Tanto no sentido profissional, já que, por exemplo, o tema da minha monografia em Direito foi sobre casamentos e regimes de bens, aonde eu escrevi na introdução que os maiores desafios vividos pelos casais aconteciam porque eles não conversavam e não faziam combinados (no caso, sobre o impacto do regime que escolhiam). Como no sentido da minha trajetória pessoal, já que como canceriana que sou, sempre fui fã de dramas e histórias de amor e porque, de alguma forma, como identifiquei ao longo dos anos na terapia, passei a vida me ocupando da relação dos meus pais. Também não posso esquecer que como eu e meu marido engravidamos sem planejar depois de cinco meses de namoro, os desafios da vida a dois e a necessidade de aprender a encontrar satisfação conjugal, também me conduziram a essa jornada. Enfim, tijolo após tijolo. Experiência após experiência, fui constituindo a Juliana que hoje, tem um amor quase obsessivo por entender as relações conjugais.
Me formei em janeiro de 2019 e assim que peguei meu CRP, já tinha pacientes agendadas. Acredito que isso se deu por toda a trajetória que compartilhei aqui e pelos anos em que me comuniquei na internet. Porém, recém-formadas não costumam já atender casais, porque aprendemos que esses atendimentos exigem um preparo maior. A primeira demanda de casal chegou até mim em maio do ano passado, quatro meses depois que comecei a atender. Uma mulher que participou de um dos workshops do @criacaopositiva, me procurou para ajudar na condução do seu processo de separação, tendo em vista que ela tinha uma filha pequena. Porém, naquele momento, meu interesse ainda era muito mais pela questão parental envolvida enquanto um processo familiar, do que pela questão conjugal em si, mas logo que iniciei os atendimentos, como esperado, a demanda conjugal se evidenciou e eu comecei a estudar mais e fazer supervisões nesse sentido. Os meses se passaram e apesar de as questões que envolviam conjugalidade aparecerem na maior parte dos atendimentos individuais, o tema ainda não fazia meus olhos brilharem. Até o final de 2019, quando comecei a me sentir atraída pelo assunto. Parecia que quanto mais complexo soava atender casais e seus conflitos, mais instigada eu me sentia a me preparar para atendê-los.
Se você voltar algumas postagens, assim como eu fiz para escrever esse texto, vai perceber que a primeira vez que escrevi oficialmente sobre relacionamentos foi em outubro do ano passado, quando eu começava a estudar o trabalho de John Gottman para escrever minha monografia da pós. Até ali, quando eu falava em casais era no contexto familiar por conta da parentalidade. Mas aos poucos, fui querendo ir além. E no início desse ano, meu foco estava cada vez mais claro e todo o meu tempo disponível começou a ser ocupado com esse assunto. Assim que os atendimentos voltaram após o período de férias, comecei a atender cada vez mais casais e hoje, eles ocupam mais da metade dos meus horários na agenda.
Como costumo conduzir o processo de Terapia de Casal?
Minha grande inspiração como terapeuta de casal é a minha professora, supervisora e orientadora na pós, Simone Bolze . Lembro de escutar atenta quando ela compartilhava as suas experiências em sala de aula e nas supervisões de caso. Também tenho na minha “caixinha” de manejo e recursos, tudo o que aprendo com profissionais conhecidos como John Gottman e Esther Perel. Já perdi as contas de quantos vídeos, entrevistas, palestras, podcasts e livros que já li dos dois.
Também considero que adquiri muita segurança para atender casais com as dezenas de grupos que facilitei com a psicóloga Greici Will. Não só porque, geralmente, recebíamos casais e precisávamos gerenciar seus conflitos que apareciam nos grupos, mas porque manejar um grupo fornece muitos recursos para atender mais de uma pessoa, ao mesmo tempo.
Quando o casal ou um dos dois me procura para marcar um atendimento, comunico que costumo marcar um primeiro encontro para nos conhecermos e para que eu explique melhor como eu trabalho. Não é incomum um dos dois chegar com certa resistência ao processo de terapia de casal seja por alguns mitos ou por conta de experiências ruins vividas com outros profissionais. Por isso, tem funcionado bem essa proposta de um primeiro encontro sem o compromisso pela continuidade.
As sessões que eu faço costumam ser as mais leves possíveis, aonde apesar da seriedade e tensão, existem muitos momentos de descontração e risadas. Nos primeiros encontros, foco na construção do vínculo e de confiança para então, começar a fazer algumas intervenções e orientações. Após essa primeira conversa, não deixo marcada a próxima sessão automaticamente, porque preciso que nenhum deles se sinta coagido. Oriento que eles conversem depois e caso decidam por prosseguir, que me procurem para criarmos um grupo de WhatsApp, aonde tudo que precisar ser combinado, será feito por ali.
Até hoje, todos os casais que marcaram esse primeiro encontro, seguiram no processo e isso me deixa bastante satisfeita. O que não significa que eu sempre tenha acertado ou que todos os casais que já atendi tenham uma visão positiva do meu trabalho. Nesse último ano, já vivi um fim de processo bastante difícil, já tive casais que simplesmente desapareceram, já tive casais que se separaram e já fui mal interpretada por querer “dar mais” do que eu podia ou deveria, ao me alongar em conversas via WhatsApp (essa é uma questão que mereceria um post inteiro). Às vezes, na própria sessão, percebo que me precipitei ou que não consegui dar o meu melhor porque me envolvi demais no clima da relação, como quando os casais estão imersos em desesperança e eu também me sinto sem recursos para convida-los a tentar outras maneiras de conexão.
Enfim, já vivi muitos acertos e também muitos erros e com cada processo, com cada minuto que precisei refletir sobre o meu lugar, com cada supervisão que fiz sobre os meus atendimentos, aprendi demais e espero seguir aprendendo.